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Fishes of the upper rio Paraná basin: diversity, biogeography and conservation

Resumo

A bacia do alto rio Paraná drena a região mais desenvolvida e ambientalmente degradada da América do Sul: o sudeste brasileiro. Ao mesmo tempo que é uma das assembleias de peixes neotropicais mais conhecidas, também é uma das mais ameaçadas pela atividade antrópica. Urbanização, desmatamento, barramentos de usinas, espécies invasoras e poluição da água não apenas reduzem a área de vida das espécies, mas também alteram nossa percepção da bacia e de seus elementos bióticos. Essas mudanças ambientais são tão profundas e abrangentes que geram incertezas sobre a natureza nativa ou não nativa de várias espécies. Este artigo visa oferecer uma visão detalhada da diversidade nativa e da biogeografia histórica dos peixes da bacia do alto rio Paraná, fornecendo uma base sólida para futuras políticas de conservação. Atualizamos a lista de espécies nativas, analisamos distribuições geográficas e identificamos padrões biogeográficos, enfatizando áreas que requerem reconhecimento como biotas distintas para esforços de conservação. Nos últimos 15 anos, mais de 100 espécies adicionais foram descritas ou registradas, expandindo o total para 341 espécies nativas pertencentes a seis ordens e 30 famílias, tornando-a a bacia hidrográfica mais rica do Brasil fora da região amazônica. Ao contrário da maioria das bacias neotropicais em que Characidae domina, os loricariídeos constituem quase um quarto da diversidade total de peixes na região. Espécies e clados se concentram na região central da bacia, enquanto elementos endêmicos estão restritos a áreas periféricas devido à complexa história biogeográfica compartilhada com bacias vizinhas. Dezoito regiões biogeográficas distintas são identificadas, sua composição, biogeografia e conservação são discutidas. A bacia do alto rio Paraná possui 10% de sua ictiofauna classificada como ameaçada e apresenta 128 espécies não nativas, incluindo três híbridos. Isso a posiciona como a drenagem com o maior número de táxons ameaçados nos trópicos ao mesmo tempo que tem a maior riqueza de elementos não nativos. As áreas protegidas existentes são consideradas ineficazes na preservação das diferentes assembleias e falham em proteger a maioria das espécies ameaçadas e as endêmicas.

Palavras chave:
Biodiversidade; Espécies não nativas; Ictiofauna; Região Neotropical; Taxonomia

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